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Treinamento de Força Especial para o Futebol

INTRODUÇÃO

“Na realidade, a força é central ao crescimento ótimo e ao desenvolvimento dos tecidos, especialmente daqueles, como os ossos, que fornecem apoio estrutural. Mas quando as forças excedem a habilidade do tecido de suportar a carga, ocorre a lesão. A FORÇA é, portanto, o elemento mais fundamental nas lesões” (Zernicke e Whiting, 2004).



O treinamento de levantamento de pesos é um excelente meio de desenvolver potência (Aján, et al., 1988). Potência, que de acordo com González Badillo (2017) (González Badillo, et al., 2017; González Badillo, et al., 2002) (González Badillo, et al., 2016) é o produto da magnitude da força aplicada pelo trabalho mecânico dividia pelo tempo necessário para aplica-la. A força explosiva, representada pela RFD (“rate of force development” – ou “taxa de desenvolvimento da força”), trata-se da produção de força em uma unidade de tempo, o que por sua vez, pode ser considerada como componente determinante para um jogador de futebol (Blanco, et al., 2016) (Andrzejewski, et al., 2012) (Carling, 2007), e o treinamento de força, além de ser determinante, pode ser visto como um meio no auxílio à prevenção de lesões, por meio do fortalecimento do tecido conjuntivo e ósseo (Carling, 2007) (Fleck, et al., 1986).


O objetivo principal desse trabalho é sugerir uma nova metodologia do treinamento de força especial para o futebol utilizando, tendo como meio principais alguns exercícios do levantamento de peso olímpico, tanto objetivando o fortalecimento quanto para o desenvolvimento da potência, melhora da força aplica e diminuição do déficit de força, conceitos que iremos abordar mais adiante para, então, realizarmos possíveis comparações, na teoria e na prática, deste modelo com o que é praticado na realidade, tanto no Brasil como em outros países de maiores tradições nessa modalidade esportiva.

Apesar de o levantamento de peso ser praticado em mais de 160 países e considerado um dos sete maiores eventos olímpicos (Schodl, 1992) (Colli, 2004) (Chiu, et al., 2005), e ser considerado o exercício que desenvolve mais potência (Aján, et al., 1988) (Oleshko, 2008), ele ainda não alcançou tamanho destaque no nosso país, sendo negligenciado pelos preparadores físicos que insistem que o treinamento de força para o futebol deve ser feito como exercício de regeneração e não de preparação geral ou de choque em um microciclo de força ou potência.


Além disso, como há pouquíssima fonte de material em nosso país, traduzido para o português, relacionado ao levantamento de peso olímpico, e o mesmo em relação à prática, os preparadores físicos possuem um pré-conceito já bem definido.

O nosso objetivo é fornecer um novo modelo de preparação física para o futebol. Um modelo mais de acordo com as exigências atuais da modalidade.


Assim, primeiramente definiremos alguns conceitos sobre força e periodização a fim de mostrar que se deve, independentemente do modelo a ser escolhido para a preparação física de uma determinada equipe para uma temporada, escolher outro modelo específico para o treinamento de força especial, modelo este que se aproxime das necessidades atuais do esporte – que cada vez mais está exigindo a capacidade física da força dos atletas (força de velocidade, força explosiva, força de saída, força máxima e capacidade reativa) (Carling, 2007) (Verkhoshanski, 1986) (Verkhoshansky, 2001), que de acordo com González Badillo, estão todas interligadas Após, definiremos os meios e métodos para se treinar cada tipo de força e, assim, planificarmos em um modelo à parte do aplicado tradicionalmente no futebol.

JUSTIFICATIVA

A tabela abaixo mostra uma análise feita por V. S. Kopysov e P. A. Poletayev (1979) (Kopysov, et al., 1982) que relaciona os anos de treino com o desenvolvimento dos resultados esportivos, estes classificados em pontos de acordo com a tabela de Starodubtsev (que fez um prognóstico, em 1973, do avanço das marcas na modalidade), onde podemos observar que há evolução das marcas por até um período de 17 anos, sendo encurtada de acordo com a categoria de peso corporal (quanto mais leve for o atleta, mais curto é o período de evolução).


(Dall'Aqua dos Santos, 2020)


Se considerarmos a modalidade em questão, o levantamento de peso, como uma das mais potentes de todas (sendo que algumas pesquisas apontam o arranque e o arremesso como os exercícios que mais produzem potência) (Escamilla, et al., 2003) (Chiu, et al., 2005) (Garhammer, 1982), podemos concluir que ela deve ser considerada na preparação especial de força/potência para as demais modalidades.

Podemos ainda levar em consideração que haverá evolução significativa na melhora e/ou manutenção das capacidades físicas de força, potência e velocidade por um período de no mínimo 10 anos.


Levando em consideração exemplos como o jogador Ronaldinho, que teve um pico em sua carreira de 2 a 4 anos, período em que manteve uma ótima capacidade de produzir força/potência nos movimentos e, devido à falha na preparação física especial de força/potência, quando não conseguiu se diferenciar nestas capacidades, a habilidade já não fora mais suficiente para se destacar em alto rendimento, ou ainda mencionar o Ronaldo Nazário, que devido à falta de preparação adequada e objetivo incorreto na preparação (pois aumento a massa muscular por meio de uma maior secção transversa do músculo por si só não é sinônimo de aumento das diferentes manifestações da capacidade física da força), sofreu com as lesões durante toda sua carreira.


Por outro lado, podemos observar o atleta Roberto Carlos, lateral esquerdo que se destacou pela velocidade e ‘explosão’, além da potência nos chutes, foi um praticante assíduo de levantamento de peso no Palmeiras, clube que mantém até hoje um Centro de Treinamento da modalidade, coordenado pelo Treinador Luiz Gonzaga.


Pois apesar do futebol ser uma modalidade predominantemente aeróbia, pois durante os 90 minutos de jogo, os jogadores percorrem em media em torno de 10km com uma intensidade media de velocidade próxima do limiar anaeróbio (80-90% da FCmax), numerosas ações explosivas são exigidas, incluindo saltos, giros, tiros de velocidade, alterações de direção, sustentação de fortes contrações musculares para se manter o equilíbrio e o controle da bola contra pressão adversária (Stølen, et al., 2005). Os melhores times continuam a melhorar suas capacidades físicas, enquanto se percebe que os menos ranqueados possuem valores similares aos reportados 30 anos atrás, em termos de condicionamento físico, diferenças resultantes de pequenas melhoras e ajustes em termos de pesquisas, contração dos melhores jogadores e/ou maior conhecimento em como se realizar treinamentos mais eficientes (Stølen, et al., 2005).


Em suma, analisando somente estes dados, podemos concluir que, se utilizarmos uma metodologia correta de preparação especial de força/potência, teremos a oportunidade de ampliar o pico da carreira de jogadores habilidosos que hoje são obrigados a se aposentar precocemente devido à queda na produção de um componente determinante no futebol, que é a velocidade, a explosão na hora da decisão, do drible.


Nos próximos posts, iremos dar sequência à linha de raciocínio....


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